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O ano de 2022 marca os 200 anos de independência do Brasil. E a pergunta que tenho me feito é: o que temos a celebrar? Foi tentando responder a essa pergunta, que comecei esse projeto denominado “Terrarium”. Um terrário é um espaço fechado e controlado que pretende reproduzir as características do ambiente onde habitam certos seres vivos. Deste modo, procura-se facilitar a sobrevivência dos animais e plantas neste tipo de cativeiro. Terrários são mundos particulares que, vez por outra, se conectam. É a metáfora última da bolha na qual muitos de nós vive. Cada um acha seu problema pior ou mais importante do que do outro. E aqui no Brasil também estamos vivendo uma bolha de negacionismo científico e violentos atentados à natureza e ao povo. Povo esse que é massacrado desde o descobrimento. Cada imagem tenta responder à pergunta sobre o que há para comemorar nesses 200 anos de independência. Ao mesmo tempo que pergunta, responde. E a resposta é que não há o que ser celebrado para uma boa parte da população. Os terrários individuais são monolitos da degradação e abuso sofridos por cada grupo retratado. Há alguma saída para essa disparidade? Acredito que o único caminho é a união, diante da dor do outro. Temos que quebrar nossos terrários individuais e verdadeiramente nos integramos como sociedade, abraçando e acolhendo a megadiversidade de nosso povo e nosso país. Para dar título a cada uma das minhas obras, mergulhei na MPB e peguei carona na poética de grandes compositores brasileiros, que já disseram, de mil maneiras diferentes, os problemas que discuto nesse trabalho. Fui beber na fonte de quem já viveu, vive ou presenciou cada um desses atos de violência contra o povo e a natureza desse país.
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The year 2022 marks 200 years of Brazil’s independence. And the question I’ve been asking myself is: what do we have to celebrate? It was trying to answer this question that I started this project called “Terrarium”. A terrarium is a closed and controlled space that intends to reproduce the characteristics of the environment where certain living beings inhabit. In this way, we seek to facilitate the survival of animals and plants in this type of captivity. Terrariums are private worlds that occasionally connect. It is the ultimate metaphor for the bubble in which many of us live. Each thinks his problem is worse or more important than the other. And here in Brazil we are also experiencing a bubble of scientific denialism and violent attacks on nature and the people. People who have been massacred since the discovery. Each image tries to answer the question of what there is to celebrate in these 200 years of independence. While asking, answering. And the answer is that there is nothing to celebrate for a good part of the population. The individual terrariums are monoliths of the degradation and abuse suffered by each portrayed group. Is there any way out of this disparity? I believe that the only way is union, in the face of the pain of the other. We have to break our individual terrariums and truly integrate ourselves as a society, embracing and welcoming the megadiversity of our people and our country. To name each of my works, I immersed myself in MPB (Brazilian Popular Music) and took a ride on the poetics of great Brazilian composers, who have already said, in a thousand different ways, the problems I discuss in this work. I went to drink at the source of those who have lived, live or witnessed each of these acts of violence against the people and nature of this country.