Coleção Infinitas Formas de Grande Beleza

Este projeto compreende 20 obras impressas em papel algodão, tamanho 108cm X 78cm (incluindo passepartout e moldura) e mais um livro objeto contendo todas essas obras impressas em fotografias tamanho 15cm X 21cm. Ao longo da história, muitos ilustradores, pintores e fotógrafos deixaram sua marca, através de meticulosos e visualmente impactantes trabalhos de arte, ao retratarem as belezas da natureza. Desde Leonardo da Vinci, que foi um grande apreciador e observador da natureza, cujas ilustrações mostravam detalhes e movimentos realistas de animais, em uma época que ainda não conhecia a máquina fotográfica. Um dos grandes ilustradores e zoólogos do século 19 foi Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834 – 1919) que é bastante conhecido pelas suas ilustrações de grande impacto estético e detalhamento e ajudou a popularizar o trabalho de Charles Darwin. Karl Blossfeldt (1865 – 1932), fotógrafo e escultor alemão, foi bastante influenciado pelo trabalho de Haeckel e produziu fotografias de singular beleza estética, as quais, por sua vez, tiveram grande influência sobre os ornamentos orgânicos do design e das artes.  Esses dois grandes artistas são as principais referências desse trabalho, no qual busquei representar os “tesouros” escondidos dentro das coleções biológicas de museus. Usei a técnica fotográfica chamada empilhamento de foco, onde um objeto é fotografado centenas de vezes, em diferentes pontos focais e depois essas centenas de fotos são mescladas numa única imagem, com foco total. Escolhi essa técnica porque queria “emular” a suposta visão do ilustrador científico dos séculos 18/19, o qual poderia desenhar tudo em foco e tinha supostamente a seu dispor como fonte de luz apenas uma janela a 45°. Considero que também fiz um desenho aqui, além de uma fotografia, pois com o foco selecionado a cada clique da máquina fotográfica fui desenhando cada espécime, muitas vezes por mais de 1h. Na minha poética eu usei como fonte de luz uma mesa estativa cujas lâmpadas produziam uma sombra nos elementos fotografados de acordo com meu interesse. Após fotografadas, eu tratei todas as imagens em softwares de tratamento de imagem. Depois, novamente “desenhava” a imagem no software, pois tinha que limpar tudo que não fazia parte usando um mouse no contorno com todo cuidado para não apagar elementos importantes, trabalho esse que consumia mais 3h ou 4h. Então esse trabalho além de uma fotografia é também um desenho. A escolha dos exemplares a serem fotografados também passou por critérios mais engajados do ponto de vista ecológico. Ou seja, muitas das espécies ou estavam ameaçadas de extinção ou tinham uma importância ímpar para aquela coleção específica, regional ou nacionalmente. Um dos maiores aliados para a conservação das espécies é o conhecimento, pois para preservar é preciso conhecer. As coleções biológicas são testemunho da biodiversidade e um suporte imprescindível para estudos de sistemática e taxonomia, inclusive com a utilização de modernas técnicas moleculares cada vez mais sensíveis. Mas o acesso só é permitido a iniciados, ou seja, cientistas que se dedicam ao estudo de cada exemplar existente nas diversas coleções científicas ao redor do mundo. Para a grande maioria das pessoas os museus são apenas locais com “velharias” e “animais empalhados”. Assim, devido à crise mundial da biodiversidade, à necessidade do conhecimento de seus componentes e buscando fugir do estereótipo de velharia e ressignificar o papel dos museus de ciências naturais como locais que além de educar, também guardam “tesouros escondidos” em suas coleções científicas, é que foi criado esse projeto. Além de estar inserido numa perspectiva mais engajada, política e ecologicamente, pois o Museu de Ciências Naturais onde fiz esse projeto estava sofrendo um processo de corte de verbas e extinção, esse projeto fotográfico também teve uma grande importância na época para as centenas de pessoas que viram essas obras expostas, tanto pelo seu impacto visual, quanto pelo seu impacto emocional. E para mim, tem uma importância extra: é exatamente aqui que considero o ponto de virada em minha vida, do cientista para o artista.

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