Dessa coleção, apresento duas obras: a primeira é composta de 6 quadros no tamanho 30cm X 30cm cada; e a segunda é composta de 4 quadros no tamanho 50cm X 75cm cada, com um espelho ao centro. John Berger, no livro “Sobre o olhar” brilhantemente discorre sobre os zoológicos e seu papel em nossa sociedade capitalista. Ele diz que zoológicos públicos surgiram no começo do período em que os animais foram desaparecendo da vida cotidiana. O zoológico no qual as pessoas vão ver animais é, na verdade, um monumento à impossibilidade de tais encontros. E também uma confirmação do poder colonial moderno. A captura de animais era a representação simbólica da conquista de todos os países exóticos e remotos. “Exploradores” provavam seu patriotismo mandando para casa um tigre ou elefante. Entretanto, no século XIX os zoológicos reivindicavam uma função independente e cívica. E assim, as primeiras questões feitas sobre os zoológicos faziam parte da história natural – pensava-se que era possível estudar a vida natural dos animais até em condições tão pouco naturais.
Zoológicos, com sua decoração teatral que imita os ambientes originais das espécies, na verdade são demonstrações da total marginalização dos animais. Por toda parte os animais estão desaparecendo. Nos zoológicos eles constituem um monumento vivo ao seu próprio desaparecimento. Ainda, de acordo com Berger, o objetivo público dos zoológicos é oferecer aos visitantes a oportunidade de olhar animais. Mas em parte alguma num zoológico o visitante pode encontrar o olhar de um animal. Quando muito, o olhar do animal vagueia brevemente e segue adiante. Eles olham de soslaio. Olham cegamente para além de nós. Foram imunizados contra o encontro, porque nada mais pode ocupar um lugar central na sua atenção. Obras produzidas entre 2007 e 2008.